segunda-feira, 26 de julho de 2010

Minha outra face...

Eu abri a porta de meu quarto segurando o copo d'água com a outra mão. Observei-o por alguns instantes, já não tinha mais forças para se debater. Havia uma poça de vomito ao lado de sua cabeça, em minha cama, e no chão também. Na minha mesa jazia uma garrafa de Vodka cheia pela metade... Ela foi a causa do vomito, eu havia virado a garrafa em sua boca, obrigando-o a beber. Talvez eu só quisesse ver sua reacção, eu sei que ele poderia ter morrido, ele não tomou exatamente a metade; conseguiu virar o rosto e cuspir um pouco da bebida. E então começou a vomitar, vomitou um pouquinho em mim inclusive, mas eu não liguei. Encharquei sua camisa preta de Vodka também. Depois de colocar um novo pedaço de esparadrapo em sua boca fui buscar água para ele beber. Não havia ninguém em casa, mas haviam os vizinhos. Apenas não grite, por favor...
-Você sempre soube que eu era louca... Mas não a esse ponto. Olhe, beba aqui, mas não grite, eu não quero que suspeitem de nada. Não vou matar você, fique tranquilo... - eu retirei o esparadrapo de sua boca e ele respirou profundamente, gemendo em seguida. Levei o copo a sua boca e ele bebeu. Prestei bastante atenção no movimento de sua garganta. Ele bebeu tudo e eu coloquei o copo em cima da mesa, perto da garrafa.
-Por que você me deu Vodka para beber? - ele perguntou, sua voz estava rouca.
-Amor... - eu disse e peguei a garrafa. Virei-a em minha boca, assim como tinha feito com ele. O liquido queimou minha boca e em seguida minha garganta, apertei os olhos e lágrimas saíram deles, mas eu não ia parar de beber. Seria forte... por ele! Meu coração doeu e com um gemido tirei a garrafa de minha boca. As veias saltaram de meu pescoço e eu reprimi uma tentativa de vomito. "Força!" Pensei e, abrindo os olhos, disse a ele:
-Perdoe-me, por favor, eu não sabia que doía tanto, eu achava que não doía tanto assim!
-Mas você sabia que doía.
Comecei a chorar. Por que eu estava fazendo aquilo?
-Eu o amo tanto, você sabe. Viu só o que eu acabei de fazer, sofri junto com você, eu o amo muito... Olhe, olhe o quanto eu estou sofrendo e você fica aí parado! Ah, eu o odeio! Eu queimaria no Inferno por você, eu faria qualquer coisa por você! E você ainda não me ama!
Comecei a soluçar e uma vontade de soltar os nós das camisas que o prendiam me tomou. Mas eu não o soltei. Não tenho cordas em casa, tive de improvisar! Então, se eu o soltasse, ele me mataria.
-Não me mate... - murmurei, mas ele não ouviu, só viu meus lábios se mexendo.
-Eu a amo como amiga... Eu me preocupo com você.
-Cale a boca seu filho da puta, inútil...
Uma explosão de xingamentos saiu de minha boca. Quando me acalmei peguei o rolo de esparadrapo e rasguei um novo pedaço. Ele gritou para eu não colocar a fita, mas eu não dei ouvidos. Quase tive um orgasmo ouvindo aos sons de seus gemidos abafados! Que lindo!
Talvez eu deva pegar mais cordas... Eu o amo demais para deixá-lo ir, não estrague esse momento. Tirei as cordas de minhas guitarras e de meu violão, mas deixei o violino intacto. O violino não era meu e eu lhe dava grande valor. Pertence a uma grande amiga minha. Peguei as cordas de aço e amarrei seus pulsos e tornozelos. Uma ideia me surgiu à mente.
-Eu já volto, meu lindo.
Fui até o banheiro e peguei a gilete de meu pai. Desmontei-a e peguei apenas a lâmina. Voltei ao quarto e fitei seus olhos castanhos repletos de agonia. "Pare!" Uma voz surgiu na minha mente. Eu queria parar, mas não podia, já havia começado! Eu irei até o fim! Não, não vou matá-lo... Estou começando a sofrer novamente! O que eu fiz? O que eu estava fazendo? Pare, pelo amor de Deus! Pare de machucá-lo, pare de se machucar! "Mas eu só quero experimentar...".
Fui até ele. Por onde eu começaria? Pelo pescoço? Pelo rosto? Pelos braços? Ah, os braços, o rosto! O lindo rosto! Aquele pescoço! Sim!
Mordi com muita força seu pescoço e ele gritou. O grito preencheu meus ouvidos como musica, mas era um grito. Eu tinha lhe dado uma bela mordida, as marcas de meus dentes estavam escuras em sua pele, que agora estava vermelha (não era de sangue). E então eu peguei a lâmina e fiz um pequeno corte em seu braço. Ele gemeu de dor e eu comecei a lamber o sangue que saía. Sangue quente! Parei e virei o rosto na direção do seu. Ele me olhou e eu acordei.
Devia ser três da tarde. Ouvi meu celular tocando e atendi. Ela estava chorando tanto que mal conseguia falar... Perguntou se eu estava bem, entre soluços. Disse que estava ótimo e lhe perguntei por que...

2 comentários:

  1. Tem certeza q vc só tem 13 anos?
    Ou talvez vc seja superdotada. quem sabe uma exterminadora enviada do futuro para exterminar alguém, mas enquanto isso, se integrar à sociedade como uma pessoa... normal? tá, esquece a parte do normal. aiuehauiehuiaheu

    parabéns, curti o texto. XD

    ResponderExcluir
  2. nossa joanna!
    eu to me sentindo estranha depois deste belo texto! Como vc pode escrever assim?

    Você é perfeita... eu amei!
    *---------*

    ResponderExcluir