sábado, 18 de dezembro de 2010

Minha fanfic do Till e do Flake (Rammstein)


-Então... Como você se chama? - ele perguntou.
Parecia ser mais velho do que Flake. Era alto e musculoso, tinha cabelos castanhos e olhos azuis. Sorria.
-Eu me chamo Christian. - respondeu timidamente - Christian Lorenz. E você, como se chama?
-Till. - sua voz era grave e poderosa - Till Lindemann.
Pegou-o pela mão e o levou até um bar e sentaram-se em uma mesa. Till não tirava os olhos de Christian.
-O que você quer beber? - perguntou.
-Uma cerveja... - respondeu Christian - Eu preciso ir ao banheiro.
Till sorriu e balançou a cabeça positivamente. Flake foi ao banheiro e mirou-se no espelho. Um simples rapaz alemão, muito magro, olhos azuis, cabelos compridos tingidos de loiro. Antes eram avermelhados. Gostava de tocar teclado e queria ser músico.
Estava com medo, pois não conhecia Till. No entanto, ele poderia ser sua melhor companhia naquela hora. Havia conseguido atravessar o muro, mas havia se ferido no braço. Estava doendo muito e sangrando um pouco, mas ele não mostrou para Till. Isso podia levantar suspeitas. Atravessou o muro na esperança de conseguir uma vida melhor. Tinha saído da Alemanha Oriental. Estava livre, ou apenas parecia.
Abriu a torneira e lavou o ferimento, em meio a lágrimas. Não eram lágrimas de dor. Era um sentimento estranho que ele não sabia o que era. Talvez saudade de seus pais e irmãos. Estava confuso também, não conhecia ninguém. Voltou para a mesa, a cerveja já estava lá. Till sorriu para ele quando ele foi se sentar.
-O que você faz? - Till perguntou. À sua frente havia um Martini.
"Muito refinado." Flake pensou, antes de responder:
-Eu sou músico. Toco teclado.
-Que coincidência, eu também! Eu canto, tenho uma banda. Chama-se Rammstein.
-Eu tinha uma banda que não deu muito certo. Chamava Feeling B.
-Quer entrar para o Rammstein?
-O que? - os olhinhos azuis de Flake brilharam. Ali estava a oportunidade da sua vida. E ele nem teve que contar que pulou o muro de Berlim. - Sim! - ele disse com entusiasmo, antes de virar o copo de cerveja na boca.
Till riu da empolgação do menino e bebeu seu Martini. Depois de alguns minutos, sem nenhuma explicação, Flake apagou.
Acordou depois em um quarto. Till estava lá, estava assistindo TV.
-Você me drogou! - Flake disse, apontando para Till. Ouviu um barulho de corrente balançando. Olhou para sua mão... Estava acorrentado! - E me acorrentou!
Till assistia a TV sem dar atenção a Flake. De repente, ele a desligou e se virou para Flake, dizendo:
-Eu cuidei do seu braço. Aquilo estava bem feio, parecia uma mordida. O que você fez?
Flake tentou sentar-se, mas as correntes impediam-no, grudando-o à cama. Till o empurrou ainda mais para baixo e disse:
-Pode ficar deitado.
Flake obedeceu como o bom menino que ele era e disse:
-Atravessei o muro de Berlim e me feri no arame farpado.
Till ficou boquiaberto.
-Por que você faria uma coisa dessas?
-Ah, achei que ia me dar melhor no outro lado. Parece que não foi bem isso o que aconteceu.
Till riu e passou uma mão nos cabelos loiros de Christian.
-Você é lindo. - ele disse - Qual é seu nome mesmo?
-Christian. Mas todos me chamam de Flake. E, não, eu sou muito feio.
-Se eu estou dizendo que você é bonito, você é bonito e pronto!
-Tá certo... Mas o que você vai fazer comigo?
Till sorriu e disse:
-Primeiro vou fazer isso. - e beijou Flake nos lábios. Flake não lutou, apesar de Till tê-lo prendido em um abraço. Quando acabou, Till continuou - Se você me prometer ser bonzinho vou lhe soltar.
Christian balançou a cabeça positivamente com um olhar inocente e Till lhe deu outro beijo. Depois, pegou as chaves e umas coisas a mais. Antes de soltar Flake, Till pegou uma coleira e a colocou no pescoço de Flake, que perguntou:
-Pra quê isso? Eu disse que ia ser bonzinho!
-Só para prevenir. Não quero que você fuja, anjinho.
Só então o soltou. Com um movimento rápido amordaçou Flake com uma mordaça esférica, que é uma bola amarrada na boca por cintos. Flake gemeu surpreso, e quando estendeu a mão na direção da mordaça, Till a segurou e disse:
-Não tire.
Christian Lorenz obedeceu como o bom menino que ele era.
-Fique de quatro. - Till ordenou, segurando-o pela coleira.
-Hmm? - Flake gemeu.
-De quatro! - Till ordenou, dando um puxão na coleira. Flake gemeu novamente de dor. Mas aquilo não era nada comparado ao que vinha a seguir.
Flake ficou de quatro e não olhou para trás. Sentiu seus shortinhos serem removidos e em seguida uma coisa dura e molhada lhe penetrar o ânus. Soltou um grito abafado e sentiu seus braços fraquejarem. Seus olhos ficaram arregalados e ele fez força para não cair. Aos poucos, a dor se transformou em uma sensação gostosa. De repente, Till parou. Guiou Flake pela coleira até que ele ficasse de frente para ele. Flake olhou para cima, nos olhos de Till, que sorriu e disse:
-Seus olhos são tão inocentes. Não me olhe assim, vou ficar comovido.
Flake gemeu novamente e Till perguntou:
-Quer falar?
Flake balançou a cabeça positivamente e Till tirou cuidadosamente a mordaça de sua boca.
-Só queria pedir que não me amordaçasse de novo, eu não gosto disso. - Flake disse.
Till riu e deslizou uma mão nos cabelos de Flake, em seguida agarrando-os com força. Christian fez uma careta de dor e Till o conduziu até seu pênis. Flake começou a chupar como se gostasse daquilo. "Até que é bom... Eu gosto do Till" Ele pensou. Quando Till gozou em sua boca Flake engoliu, mesmo sem gostar. Depois de um tempo, Till o empurrou e ele caiu na cama. Ele começou a chupar Flake, que gemeu de prazer. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, Till parou e disse:
-Já nos divertimos demais por hoje. Vamos dormir, amanhã vou apresentá-lo para a banda.
Christian sorriu e balançou a cabeça positivamente.
-Pode falar. - Till disse, sorrindo - Não precisa ter medo.
-Till... - Flake disse timidamente - Eu amo você.
Till riu e o beijou nos lábios.
-Você não é o único.
Aquelas palavras esmagaram o coraçãozinho puro de Flake, que fez muita força para não chorar.
-Mas você fez sexo comigo! - Flake gaguejou - Eu quero ser seu namorado!
-Você pode ser a minha putinha.
-Não Till, eu amo você, quero ser seu namorado!!! - Flake disse, quase implorando, já começando a chorar.
-Flocka pare de chorar, assim eu fico comovido. Está bem, você pode ser meu namorado, mas isso fica só entre nós está bem?
Flake! FLAKE! Você nem decorou meu nome! Mas tudo bem... - Flake disse sorrindo, mas ainda chorando muito - Você pode pegar outras mulheres e homens se quiser, mas eu sempre serei seu namorado!
-Fechado. - Till disse, abraçando Flake - E eu estava brincando. É claro que eu sei seu nome, Christian "Flake" Lorenz. É que você fica bonitinho irritado.
-Bonitinho?
-Sim. Meu Flake bonitinho, meu namoradinho bonitinho, magrinho. Agora vá dormir, porque senão amanhã você não acorda.
-Uhum. - Flake disse, finalmente parando de chorar.
Deu um beijo em Till e se deitou na cama. Till apagou a luz e se deitou ao lado de Flake. E os dois dormiram.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu realmente não esperava isso de você. Mas que bom que hoje eu estou aqui com você para conversarmos sobre isto.
-Por que fez isso? - perguntei, minha mãos firmemente segurando o objeto.
"Pegue a faca" foi a resposta que obtive. Não dei importância.
-Estou com saudades. Você ainda me ama?
"Não"
-Mas você me reconhece?
"Sim"
-Saiba que ainda te amo. Por que você fez aquilo??
"PEGUE A FACA!"
O objeto escapou de minhas mãos e caiu no chão, quebrando-se. Ou eu posso ter apertado-o, sem querer. Me levantei, assustado. Comecei a andar pela casa e me senti atordoado. Eu estava começando a ver...
Acordei gritando. Tinha sonhado, de novo. Fiquei aliviado por ter sido apenas um sonho... Fui ao banheiro lavar meu rosto. Fiquei parado na frente do espelho por um bom tempo. Tive a impressão de ver meu reflexo se mexer, mas foi apenas uma impressão. Foi aí que a luz piscou uma vez e no lugar do meu reflexo apareceu a imagem dela. "Pegue a faca, Andrei! Pegue a faca!" ela ficava repetindo e a voz entrou em minha cabeça.
-Não! - gritei, dando um soco no espelho, que se quebrou e cortou minha mão.
Caí no chão, gritando de dor, mas pelo menos me livrei dela. Fui para a cozinha ver se achava algo para estancar o sangue e amarrei um pano de prato em minha mão, que não parava de sangrar. Fui até a sala e me atirei no sofá, tremendo de medo. Foi aí que vi o tabuleiro que tinha feito com minhas próprias mãos... Para tentar se comunicar com ela, reencontrá-la talvez. Sim, ela era minha namorada. Se chamava Cristina e tinha se matado há um mês. Foi minha culpa, eu passei a tristeza para ela...
Fechei os olhos para chorar e vi a imagem de Cristina bem perto de mim. Abri-os e ela estava lá, estendeu uma mão para mim. Minha boca se abriu, mas não saiu grito nenhum. Voltei para a cozinha, mas não faço ideia de como cheguei lá, tão paralisado pelo medo eu estava.
-Não aguento mais! - gritei, pegando uma faca de lâmina afiada e reluzente. Encostei-a em minha garganta e fechei os olhos.
-Cristina... - foi a última coisa que eu disse, antes de cortar minha garganta.
O sangue saiu jorrando do corte em minha garganta, e depois de um tempo, avançou para minha boca e eu comecei a cuspi-lo e vomitá-lo. Devo dizer que, para um problemático como eu, a cena era linda. Sangue... Sangue vermelho e quente. Aquilo foi realmente lindo e doloroso. O sangue chegou aos meus olhos... E depois de agonizar um pouco eu morri.
Agora eu queimo eternamente nas chamas do Inferno para pagar meus pecados. Se Cristina está comigo? Não. Na verdade, ela está aí do seu lado, lendo minhas palavras. Não olhe!!!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Para minha adorada Alice Filth


-Ele a pegou! - eu gritei, mas ninguém me escutou, continuaram discutindo aos gritos como se eu não estivesse lá. O que eu podia fazer? Era apenas um garoto, dezesseis anos. Eles nunca me ouviriam.

Uma das bailarinas havia sido raptada pelo vampiro. Ele era um homem sombrio e sedutor, parecia um fantasma. Eu acho que ele morava lá, no teatro. Já tinha feito algumas vítimas e todas morreram. Pelo que me contaram, ele nunca havia raptado alguém, como fez com a bailarina. Ela se chamava Alice e era o amor da minha vida! E o vampiro se apaixonou por ela! Desgraça. Ele seria incapaz de amar e beberia o sangue dela!

-O vampiro vai matá-la! - eu gritei com todas as minhas forças e eles se calaram. O diretor do teatro veio até a mim e pousou uma mão sobre meu ombro.

-Estamos todos muito preocupados com o rapto de Alice. Mas você deve entender que agora não é o momento para agir, o vampiro é muito poderoso e não sabemos o que ele quer.

Não consegui responder e as lembranças vieram. Lembranças muito recentes. Eu estava com Alice no momento em que ela foi raptada. Estávamos no palco, não em cena, apenas andando pelo palco. Adorávamos ficar lá, eu adorava ver as poltronas vermelhas vazias naquele teatro imenso. Alice era uma bailarina e eu era um mímico... Sim, adorava me expressar sem muitas palavras, apenas com gestos. Então, estávamos lá no palco, quando de repente as luzes apagaram e o teatro ficou muito escuro. Ela me abraçou com muita força e começou a tremer. Eu nunca a vira tão assustada assim.

-Lórien, o que está acontecendo?
-Fique calma, está tudo bem, eu estou aqui com você. As luzes apagaram, mas voltarão logo... - mal terminei de dizer isso e a ouvi gritar, sentindo seu corpo se soltando do meu. Foi aí que eu senti dois dedos gelados tocarem minha testa; caí para trás e bati minha coluna na ponta do palco antes de cair no chão. Depois disso, não consegui me mexer, meu corpo endureceu; abri a boca para gritar, mas o que saiu foi um gemido fraco e eu finalmente desmaiei. Os outros atores, que ouviram os gritos e vieram me socorrer disseram que eu quase morri, que eu parei de respirar em um momento. O vampiro queria me matar.

-Lórien! Lórien! - o diretor me chamou, vendo que eu estava nas nuvens.
-Não podem me ajudar? - eu disse por fim - O vampiro é poderoso, eu sei muito bem. Mas vão desistir assim, sem tentar? O que será de Alice? - fiz uma pausa para controlar as lágrimas - Ajudem-me! Eu sei onde o vampiro está.

Olhei para todos, procurando quem me ajudasse, mas ficaram me olhando assustados. O diretor balançou a cabeça negativamente e eu não consegui conter as lágrimas. Fui para o camarim de Alice. Eu soluçava muito e a dor cavava buracos em meu peito. O camarim estava escuro, então peguei algumas lamparinas. Depois de colocá-las sobre a penteadeira, atirei-me em uma cadeira. Estava passando mal: cabeça doendo, suando frio... Devia ser o estresse. O camarim tinha o cheiro de minha amada, apesar de todas as rosas, lindas como ela, dentro dele. Foi aí que eu pensei no tempo que estava perdendo. Eu precisava ajudar Alice!

Com um pulo, levantei da cadeira e comecei a procurar pela passagem secreta que dava para o local mais fundo e mais distante do teatro, onde o vampiro residia. Minha busca não durou tanto, pois comecei a procurar pelos lugares mais óbvios. A passagem estava atrás de um armário cheio de livros; eu retirei quase todos, até puxar um e o armário se mover. Uma corrente de ar fria saiu do buraco escuro e percorreu meu corpo. Arrepiei-me e vesti outro casaco. Depois, peguei meu estilete e uma lamparina. Encarei a passagem escura e fria.

Logo que entrei, o armário se moveu e fechou a passagem atrás de mim. Eu não conseguiria voltar e nem pretendia; eu voltaria com Alice ou não voltaria. Não sairei daqui até encontrá-la.

Pela dor em minhas pernas, já devia ter passado duas horas e eu continuava andando por aquele labirinto sem fim, e por mais que meu corpo implorasse para eu parar eu não parava. Não pensava na dor, só pensava em Alice. Já estava ciente de que tinha me perdido, mas eu não pararia. De repente, tropecei em um rato enorme e caí no chão, gritando pela surpresa. A lamparina que estava em minha mão quebrou-se e a chama do fogo se apagou, deixando tudo na escuridão. Permaneci imóvel, deitado de bruços no chão, e o único som que se ouvia era o de minha respiração tremula como a chama de uma vela ao vento. Ouvi um grito agudo. Alice! Me levantei com um pulo e comecei a correr na direção de onde o grito saiu. Eu estava perto! Comecei a ouvir a voz de duas pessoas conversando; eram Alice e o vampiro. Não conseguia entender bem o que eles diziam, mas acho que escutei meu nome, pronunciado pela boca de Alice. Ela ainda se preocupava comigo! Que linda!

-Alice? - gritei - Sou eu, Lórien!

Não demorou muito e eu senti uma mão gelada pousar em minha testa, enquanto outro braço me prendia pela cintura. Desmaiei.

Quando abri os olhos novamente, me vi preso em uma sala escura, porém levemente iluminada por uma tocha. Meus pulsos estavam acorrentados à parede e eu mal conseguia me mexer. Ouvi passos, que se aproximavam cada vez mais da sala. A porta se abriu: era o vampiro. Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, ele disse caminhando até mim:

-Eu só vou falar uma vez, vá embora antes que eu o mate.
-Não! - eu disse - Antes eu quero ver Alice!
-Pois eu acho que ela não quer lhe ver.
-Ela disse o meu nome, ela está preocupada comigo.
-Ela só queria saber se você estava bem e eu a assegurei disso. Mas agora, Alice não está aqui e nem pode ouvi-lo e eu posso fazer o que eu quiser com você.

Respirei fundo, contendo o medo dentro de mim. Ele puxou violentamente meu cabelos para o lado e eu mordi os lábios por causa da dor. Meu coração disparou. Ao ver minha reação ele sorriu e eu vi seus caninos pontiagudos.

-Ela não quer lhe ver. - ele disse, aproximando seu rosto do meu.

Baixei os olhos e depois de um tempo senti uma pontada dolorosa em meu pescoço. Tentei me debater, mas ele me segurou pressionando meu peito com uma mão. Então eu vi uma forte luz.

Acordei minutos depois. Não estava mais acorrentado e alguém segurava meu corpo no chão. Podia ser...

-Não acredito que você fez isso! - a voz de Alice soou, gritando. Era ela quem me segurava - Você... o matou!

Ela chorava desesperadamente e eu sentia os impulsos de seu corpo por causa dos soluços. Meus olhos estavam entreabertos e eu via o vampiro parado à nossa frente, seu rosto inexpressível. Ele sabia que eu ainda estava vivo, mas Alice não e ele nunca a avisaria disso. Eu queria mais do que nunca dar a ela meus últimos instantes de vida. Porém qualquer coisa que eu fizesse ia romper meu fio da vida. Ele era frágil e podia quebrar a qualquer momento. "Alice, eu ainda estou vivo, olhe para mim!" eu queria dizer, mas não conseguia e isso me deixava angustiado. Fiquei tão angustiado que chorei... ao chorar, meu peito foi tomado por uma dor forte e sufocante. Era o meu fio da vida se rompendo.

Porém, Alice me ouviu chorar e conseguiu me beijar a tempo, pela última vez. "Adeus Alice, eu amo você." foram meus últimos pensamentos antes de mergulhar na escuridão. Para sempre.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Mímico

Ele estava parado na minha frente e olhava-me fixamente no rosto, quase sem piscar. Sua boca era a coisa mais estranha que eu já tinha visto; se mexia como se ele tentasse falar, mas não conseguia e às vezes se contorcia em um sorriso, em várias expressões. Ele executava esses movimentos com uma rapidez e precisão que me deixava assustada. Mas eu sabia que, no fundo, ele queria falar. Suas mãos, muito brancas por natureza, estavam posicionadas na frente de seu peito como se guardassem algo. E então seus olhos se arregalaram e brilharam enquanto o som saia com dificuldade de sua garganta.
"Eu quero que fique com isto. É muito precioso, tenha cuidado..."
Eu estava apavorada, aquilo não podia ser humano! E ele abriu as mãos, entregando a mim uma rosa vermelha, com as pétalas desgastadas. Eu finalmente entendi: aquilo era o amor que ele tinha por mim, um amor forte e sofrido. Eu segurei com delicadeza a rosa com as mãos e ele sorriu como nunca havia sorrido antes.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Minha outra face...

Eu abri a porta de meu quarto segurando o copo d'água com a outra mão. Observei-o por alguns instantes, já não tinha mais forças para se debater. Havia uma poça de vomito ao lado de sua cabeça, em minha cama, e no chão também. Na minha mesa jazia uma garrafa de Vodka cheia pela metade... Ela foi a causa do vomito, eu havia virado a garrafa em sua boca, obrigando-o a beber. Talvez eu só quisesse ver sua reacção, eu sei que ele poderia ter morrido, ele não tomou exatamente a metade; conseguiu virar o rosto e cuspir um pouco da bebida. E então começou a vomitar, vomitou um pouquinho em mim inclusive, mas eu não liguei. Encharquei sua camisa preta de Vodka também. Depois de colocar um novo pedaço de esparadrapo em sua boca fui buscar água para ele beber. Não havia ninguém em casa, mas haviam os vizinhos. Apenas não grite, por favor...
-Você sempre soube que eu era louca... Mas não a esse ponto. Olhe, beba aqui, mas não grite, eu não quero que suspeitem de nada. Não vou matar você, fique tranquilo... - eu retirei o esparadrapo de sua boca e ele respirou profundamente, gemendo em seguida. Levei o copo a sua boca e ele bebeu. Prestei bastante atenção no movimento de sua garganta. Ele bebeu tudo e eu coloquei o copo em cima da mesa, perto da garrafa.
-Por que você me deu Vodka para beber? - ele perguntou, sua voz estava rouca.
-Amor... - eu disse e peguei a garrafa. Virei-a em minha boca, assim como tinha feito com ele. O liquido queimou minha boca e em seguida minha garganta, apertei os olhos e lágrimas saíram deles, mas eu não ia parar de beber. Seria forte... por ele! Meu coração doeu e com um gemido tirei a garrafa de minha boca. As veias saltaram de meu pescoço e eu reprimi uma tentativa de vomito. "Força!" Pensei e, abrindo os olhos, disse a ele:
-Perdoe-me, por favor, eu não sabia que doía tanto, eu achava que não doía tanto assim!
-Mas você sabia que doía.
Comecei a chorar. Por que eu estava fazendo aquilo?
-Eu o amo tanto, você sabe. Viu só o que eu acabei de fazer, sofri junto com você, eu o amo muito... Olhe, olhe o quanto eu estou sofrendo e você fica aí parado! Ah, eu o odeio! Eu queimaria no Inferno por você, eu faria qualquer coisa por você! E você ainda não me ama!
Comecei a soluçar e uma vontade de soltar os nós das camisas que o prendiam me tomou. Mas eu não o soltei. Não tenho cordas em casa, tive de improvisar! Então, se eu o soltasse, ele me mataria.
-Não me mate... - murmurei, mas ele não ouviu, só viu meus lábios se mexendo.
-Eu a amo como amiga... Eu me preocupo com você.
-Cale a boca seu filho da puta, inútil...
Uma explosão de xingamentos saiu de minha boca. Quando me acalmei peguei o rolo de esparadrapo e rasguei um novo pedaço. Ele gritou para eu não colocar a fita, mas eu não dei ouvidos. Quase tive um orgasmo ouvindo aos sons de seus gemidos abafados! Que lindo!
Talvez eu deva pegar mais cordas... Eu o amo demais para deixá-lo ir, não estrague esse momento. Tirei as cordas de minhas guitarras e de meu violão, mas deixei o violino intacto. O violino não era meu e eu lhe dava grande valor. Pertence a uma grande amiga minha. Peguei as cordas de aço e amarrei seus pulsos e tornozelos. Uma ideia me surgiu à mente.
-Eu já volto, meu lindo.
Fui até o banheiro e peguei a gilete de meu pai. Desmontei-a e peguei apenas a lâmina. Voltei ao quarto e fitei seus olhos castanhos repletos de agonia. "Pare!" Uma voz surgiu na minha mente. Eu queria parar, mas não podia, já havia começado! Eu irei até o fim! Não, não vou matá-lo... Estou começando a sofrer novamente! O que eu fiz? O que eu estava fazendo? Pare, pelo amor de Deus! Pare de machucá-lo, pare de se machucar! "Mas eu só quero experimentar...".
Fui até ele. Por onde eu começaria? Pelo pescoço? Pelo rosto? Pelos braços? Ah, os braços, o rosto! O lindo rosto! Aquele pescoço! Sim!
Mordi com muita força seu pescoço e ele gritou. O grito preencheu meus ouvidos como musica, mas era um grito. Eu tinha lhe dado uma bela mordida, as marcas de meus dentes estavam escuras em sua pele, que agora estava vermelha (não era de sangue). E então eu peguei a lâmina e fiz um pequeno corte em seu braço. Ele gemeu de dor e eu comecei a lamber o sangue que saía. Sangue quente! Parei e virei o rosto na direção do seu. Ele me olhou e eu acordei.
Devia ser três da tarde. Ouvi meu celular tocando e atendi. Ela estava chorando tanto que mal conseguia falar... Perguntou se eu estava bem, entre soluços. Disse que estava ótimo e lhe perguntei por que...

sábado, 17 de julho de 2010

Schönheit Straft Jedes Gefühl (Beleza pune cada Sentimento)


-Por que a senhorita está chorando? - perguntou uma voz aveludada atrás de mim. Me virei e vi que a voz pertencia a um rapaz, que se assustou ao ver meu rosto manchado pelas lágrimas de sangue.
-Estou passando por um momento difícil. - eu disse tentando distraí-lo com o som de minha voz mas ele mal piscou. Isso acontecia com cada mortal que eu deixasse olhar para mim: ficavam hipnotizados com minha beleza. E naquele dia eu estava muito bonita. Estava usando um vestido vermelho e comprido que era justo ao corpo. Uma gargantilha de tecido vermelho com pequenos rubis e fitinhas pretas de seda cobria parte de meu pálido pescoço. Meus cabelos são lisos, longos e pretos e meus olhos escuros como aquela noite...
Ele era um mortal diferente de todos que eu já havia visto. Por seu sotaque e beleza, deduzi que era estrangeiro. Vestia uma camisa branca de mangas compridas e calças e botas pretas como meu cabelo. Tinhas os cabelos compridos, lisos e castanhos e seus olhos pareciam delicadas esmeraldas. Sorriu para mim sem abrir a boca e disse se ajoelhando ao meu lado:
-Quer minha ajuda? Meu nome é Alexi. E o seu?
-Meu nome é Anne. Não tente me ajudar, Alexi, isso só acabará prejudicando-lhe...
Senti uma presença negativa. Ah não! Mark? Sim, era Mark. Pare de olhar para o Alexi...
-Você deve ir agora, sua vida corre perigo! - eu disse a ele enquanto me levantava do chão.
-O que?! - disse Alexi alarmado.
-Não há tempo para explicar. Vá embora e não volte mais, esse bosque não é um lugar seguro para um humano como você!
-Eu sei me defender. - Alexi segurou meu pulso - E eu quero ficar ao seu lado, Anne.
Era só o que me faltava! O mortal estava apaixonado por mim!
-Alexi, você não entende, eu não posso corresponder a seu sentimento.
-Eu sei porque. Porque você é uma vampira. Não tenho medo, se é o que está pensando.
-Não é uma questão de medo e sim de integridade física. Vá embora, vá viver a sua vida, que ainda é muita e se esqueça de mim!
-Viu só? Você me ama, acabou de falar isso. - passou um braço em torno da minha cintura - Relaxe, está bem?
E eu fui me perdendo à medida em que seu rosto se aproximava do meu. Alexi apenas manteve seus doces e finos lábios encostados nos meus, acho que para ver qual seria minha reacção. Eu pude ouvir as batidas fortes de seu coração e sentir o sangue fluindo em cada uma das veias. Foi quando uma palavra me surgiu à mente: Mark. Meu Deus, eu me esqueci completamente dele! E agora ele mataria Alexi! Não, não, eu lutaria por esse humano com unhas e dentes, como eu nunca lutei por outra coisa, até que seu coração parasse de bater.
Empurrei Alexi com tanta força que suas costas bateram em uma árvore, mas ele não reclamou. Na verdade, não disse uma palavra, só ficou me olhando com seus olhos verdes arregalados.
-Você realmente lutaria tanto assim por ele? - disse uma voz que pareceu vir de perto de Alexi. Era a voz de Mark. Eu não consegui vê-lo, mas Alexi conseguiu e deu um passo para trás, amedrontado.
Mark o agarrou pela cabeça e forçou seus joelhos a se dobrarem.
-Não! - disse Alexi e Mark apertou as mãos em torno do crânio dele. Como a força de um vampiro é muito maior do que a de um humano, aquilo doeu demais em Alexi, que revirou os olhos nas órbitas e abriu a boca para gritar, mas não podia.
-Mark, o que você quer? - eu perguntei respirando fundo.
-Eu não acredito que você faria tudo isso por esse miserável mortalzinho. - ele apertou ainda mais as mãos, com um sorriso no rosto. Duas lágrimas caíram dos olhos de Alexi e uma substância pastosa entalou em sua garganta. Eu estendi uma mão, quase involuntariamente, e o sorriso de Mark cresceu - Mas me responda uma coisa: você o ama de verdade?
-Amo, amo como você nunca me amou! - minha resposta foi directa. Rosnei ferozmente e meus caninos cresceram.
-Cuidado com o que você faz... - ele ia apertar novamente as mãos e eu sabia que Alexi não aguentaria mais, que desmaiaria, e eu o queria acordado.
-Se você mover essas mãos mais um centímetro, eu vou até aí e lhe mato! - gritei - E eu destruirei isso! - ergui de meu pescoço um pingente de rosas. Este pingente tem tanto valor para os vampiros como uma cruz tem para os cristãos. Um vampiro não pode atacar a pessoa que o usa, além de serem muito raros e caros.
-Você é louca! - ele disse com uma irritação visível.
-Eu o daria a você... - disse enquanto enrolava provocativamente a correntinha em meus dedos - Se soltar Alexi...
Ele riu, estendendo uma mão enquanto a outra segurava fortemente os cabelos de Alexi, que sentia dor, mas estava aliviado por não ter mais o crânio esmagado.
-Agora me dê.
Eu quebrei com a mão a corrente de meu pescoço e segurei a mão de Alexi. Estava fria, devia ser de medo. Depositei o pingente na mão de Mark, que soltou Alexi. Eu o abracei, tomando cuidado para não quebrá-lo. Parece piada, mas já quebrei os ossos de muitas vítimas assim. Os olhos de Alexi estavam cheios de agradecimento e ele me beijou ardentemente. De repente eu o ouvi gritar e senti cheiro de sangue. Foi quando eu vi a mão de Mark e em seguida seu rosto sorridente. Maldito seja! Ele havia apunhalado Alexi nas costas e agora ele sangraria até morrer!
Quando voltei a mim, meu pulso estava cortado e Alexi bebia o sangue que saía. Eu rapidamente afastei-o da boca dele, pois já havia bebido muito. O que eu havia feito?
-Anne, meu amor. - Alexi disse, seus dentes estavam manchados com o sangue e sua voz havia mudado, ficou mais profunda e menos aveludada. Notei uma estranha palidez reluzente em sua pele. Seus olhos estavam mais verdes e brilhantes. Seus cabelos também brilhavam muito e haviam adquirido um novo movimento. Ele estava frio como um cadáver. E eu compreendi então que havia transformado-o para que não morresse.
Hoje, eu e Alexi somos muito felizes juntos. Ele dedica todos os seus dias a mim. Mas está mudado, toda sua parte humana morreu... Apesar de amar Alexi com todas as minha forças eu sinto falta do mortal que conheci a cinquenta anos atrás. E ainda tenho a sensação de que Mark está me observando.