sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu realmente não esperava isso de você. Mas que bom que hoje eu estou aqui com você para conversarmos sobre isto.
-Por que fez isso? - perguntei, minha mãos firmemente segurando o objeto.
"Pegue a faca" foi a resposta que obtive. Não dei importância.
-Estou com saudades. Você ainda me ama?
"Não"
-Mas você me reconhece?
"Sim"
-Saiba que ainda te amo. Por que você fez aquilo??
"PEGUE A FACA!"
O objeto escapou de minhas mãos e caiu no chão, quebrando-se. Ou eu posso ter apertado-o, sem querer. Me levantei, assustado. Comecei a andar pela casa e me senti atordoado. Eu estava começando a ver...
Acordei gritando. Tinha sonhado, de novo. Fiquei aliviado por ter sido apenas um sonho... Fui ao banheiro lavar meu rosto. Fiquei parado na frente do espelho por um bom tempo. Tive a impressão de ver meu reflexo se mexer, mas foi apenas uma impressão. Foi aí que a luz piscou uma vez e no lugar do meu reflexo apareceu a imagem dela. "Pegue a faca, Andrei! Pegue a faca!" ela ficava repetindo e a voz entrou em minha cabeça.
-Não! - gritei, dando um soco no espelho, que se quebrou e cortou minha mão.
Caí no chão, gritando de dor, mas pelo menos me livrei dela. Fui para a cozinha ver se achava algo para estancar o sangue e amarrei um pano de prato em minha mão, que não parava de sangrar. Fui até a sala e me atirei no sofá, tremendo de medo. Foi aí que vi o tabuleiro que tinha feito com minhas próprias mãos... Para tentar se comunicar com ela, reencontrá-la talvez. Sim, ela era minha namorada. Se chamava Cristina e tinha se matado há um mês. Foi minha culpa, eu passei a tristeza para ela...
Fechei os olhos para chorar e vi a imagem de Cristina bem perto de mim. Abri-os e ela estava lá, estendeu uma mão para mim. Minha boca se abriu, mas não saiu grito nenhum. Voltei para a cozinha, mas não faço ideia de como cheguei lá, tão paralisado pelo medo eu estava.
-Não aguento mais! - gritei, pegando uma faca de lâmina afiada e reluzente. Encostei-a em minha garganta e fechei os olhos.
-Cristina... - foi a última coisa que eu disse, antes de cortar minha garganta.
O sangue saiu jorrando do corte em minha garganta, e depois de um tempo, avançou para minha boca e eu comecei a cuspi-lo e vomitá-lo. Devo dizer que, para um problemático como eu, a cena era linda. Sangue... Sangue vermelho e quente. Aquilo foi realmente lindo e doloroso. O sangue chegou aos meus olhos... E depois de agonizar um pouco eu morri.
Agora eu queimo eternamente nas chamas do Inferno para pagar meus pecados. Se Cristina está comigo? Não. Na verdade, ela está aí do seu lado, lendo minhas palavras. Não olhe!!!